Investir nos primeiros anos é desde sempre a nossa prioridade

 

A campanha FIRST YEARS  FIRST PRIORITY pretende, a nível europeu, influenciar a adoção de políticas e estimular investimentos, de modo a todas as famílias terem o suporte de que precisam para proporcionar um ambiente saudável, estimulante, seguro e protetor às suas crianças.

Aceitámos, com gosto, liderar a campanha em Portugal, porque hoje há ainda, no nosso país, uma enorme distância entre o que a ciência sabe sobre a importância dos primeiros anos de vida e o que, de modo geral, a realidade reflete, nas práticas e nas políticas.

A ciência diz-nos que o ritmo de desenvolvimento nos primeiros 3 anos de vida é tal que este período constitui uma oportunidade de ouro para cuidar e intervir.

Uma sensibilidade excecional e ímpar às influências ambientais, com as experiências pessoais e a qualidade das interações nessa etapa a promoverem e condicionarem o desenvolvimento da arquitetura cerebral e de competências emocionais fundamentais (como a empatia e a confiança), fazem com que os nossos fundamentos como pessoa fiquem estruturados neste período.

Por outro lado, a sujeição a níveis de stress tóxico (extremo e/ou de longa duração) e a condições adversas, têm impactos sérios no desenvolvimento do cérebro, com consequências duradouras, a nível social e cognitivo. A ausência de estímulos adequados ou a indisponibilidade de serviços em tempo, podem, por sua vez, agravar mais uma situação de atraso de desenvolvimento e condicionar mesmo a saúde ao longo da vida.

No estudo da NOVA SBE “Intervir na Infância”, patrocinado pela Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso (FNSBS) em 2018, foram analisados 39 estudos de impacto, a nível internacional. Os projetos avaliados incidiram na gestação e/ou primeiros anos de vida e evidenciaram efeitos positivos no bem-estar e, entre outros de médio-longo prazos, na escolaridade, na saúde ao longo da vida, na empregabilidade e na contenção da criminalidade. Ou seja, investir nestes períodos tem efeitos não só no desenvolvimento individual, mas na sociedade que somos e na sua sustentabilidade.

A Fundação dedica-se desde 1951 a fins de saúde e desenvolvimento humano, fazendo desde então uma aposta estratégica na vigilância da gestação e da saúde infantil. Protagonizamos um modelo que pugna pela promoção da saúde (induzindo estilos de vida saudáveis) e pela prevenção da doença (promovendo o diagnóstico e a intervenção precoces).

Sabemos bem que, não obstante o direito constitucional à saúde que em Portugal todos temos, o acesso real, generalizado e em tempo a cuidados de saúde infantil (diagnóstico e intervenção precoce) ainda não é uma realidade. A falta de serviços integrados e de base comunitária não nos permite como país ter a capacidade de intervenção célere que esta curta janela de oportunidade exige.

Além disso, os nossos níveis de pobreza infantil são superiores aos patenteados na população adulta e, famílias em situação de pobreza, têm dificuldades acrescidas, nomeadamente no acesso em tempo aos serviços de saúde. Em Portugal, cerca de 30% da despesa de saúde é suportada diretamente pelas famílias na procura de satisfação das suas necessidades.

Deixar algumas crianças para trás é comprometer o futuro, de todos!

E o exemplo da saúde é apenas um exemplo….

É nosso desejo que todas as crianças tenham de facto um bom início de vida e que possam ser felizes…

Consideramos estar chegada a hora de não adiar mais. E por isso convidamos todos a afirmar:

PRIMEIROS ANOS. A NOSSA PRIORIDADE!

Testemunho dos membros do Conselho Executivo da Fundação Nossa Senhora do Bom Sucesso 

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